12.04.2021

Ser luz

* Por @felizardoreis

Gente, eu não sei vocês, mas uma das coisas que sempre gosto de dizer as pessoas é para que elas sejam luz. E quando eu quero elogiar alguém com muita intensidade eu digo: você é luz. Pra mim, Ser Luz é algo tão forte e bonito, que tem sido meu desejo diário. O desejo de me iluminar.

Por outro lado, há poucos dias eu falava com a Bruna que estou com a sensação que a gente entrou em um desses buracos do universo onde reina a escuridão e que tudo parece ter ficado muito complexo a partir de então.
Coisas que geralmente a gente só imaginaria acontecer em um filme, tem acontecido na lida do dia-a-dia e nem sempre tem sido simples lidar com tantas emoções. Temos ficado um tanto ansiosos, atentos e muitas vezes angustiados com esse Titanic afundando. Enquanto o comandante parece estar sem controle, alguém toca violino e a gente tenta encontrar socorro.
Ficou um pouco desesperador essa retomada da clássica cena do Titanic. Entretanto, distante do que o filme propõe, eu consigo ver algumas escapatórias para todas essas sensações e sentimentos que estamos vivendo. Ou talvez eu tenha tentado criá-las e as vezes funciona bem.

Sem dúvidas, o que mais me sustenta nesse momento são as pessoas que escolhi estar perto que me emanam luz. Pessoas que iluminam meu caminho. E quando eu chamo isso de escolha, eu penso que decidi estar perto de algumas pessoas nesse momento. Decidi estar mais perto de quem me ilumina e não de quem baixa minha energia e suga minhas esperanças, os famosos “dementadores de alma”.

Eu estive com muita febre nos últimos dias e as pessoas que mais me iluminaram foram aquelas que de alguma forma puderam me dizer: ei, eu estou aqui, você não está sozinho. Meu melhor amigo me ligava de vídeo e era pra dizer: “estou aqui”. Isso foi fortalecedor. Essas atitudes me tornaram resplandecente e, mesmo sozinho e com febre em uma longa madrugada, eu dei conta de ter certeza que a vida vale muito a pena quando temos gente boa ao nosso lado.
Preciso contar que todos os meus amigos me zoam dizendo que eu sempre conto que fiz intercâmbio. Sim, eu sou tipo a “chata de Dublin”. Mas, o que é mais forte pra mim de tudo que eu passei durante as viagens e apertos era quem estava ao meu lado. Foram risadas, alegrias e muitas aventuras. Isso é o que importa. Algumas pessoas estão ao seu lado e, quando tudo parece ser escuro e sem solução, elas simplesmente estendem a mão e dizem: eu estou aqui.

Ao mesmo tempo, precisamos entender que para iluminar, precisamos estar abastecidos com nosso combustível. (Qual é o seu combustível? O que te move?).
Uma cena simples é entender que uma vela sem pavio não acende, por mais linda que ela seja. Necessitamos ter em nosso eixo aquilo que é o mais importante. O que é seu pavio? O que te faz de fato ser quem você é?
Outro fato importante é pensar que a vela é realmente vela quando acesa, e quando acesa ela se gasta, se consome. Por isso, deve ser ótimo ser uma vela que clareia, que enfeita, que romantiza, que anuncia ou que representa algo maior. O importante é saber qual a nossa função enquanto “ser” de luz.

A vela acessa em uma sala (um mundo) repleta de escuridão se destaca muito. Com a vela que se destaca, sempre acontece de algumas pessoas verem graça em apagá-la . Engraçado que eu me lembro de quando eu era coroinha, como eu morria de raiva das crianças que gostavam de soprar as velas da igreja para verem elas apagadas. Eu não entendia que elas só queriam brincar. As vezes eu acabo pensando que muitos gostam de apagar o outro por brincadeira. Por isso, nesse processo de saber para quais coisas servimos, devemos também nos proteger e sempre nos alimentar de nossos combustíveis, entender o lugar que estamos e quem de fato quer que a gente permaneça aceso e quem quer nos apagar.

O desejo de se iluminar está presente em muitos cenários religiosos e é, pra mim, uma das maiores questões ligadas à religião, cujo maior objetivo é o que eu faço por mim que pode de fato iluminar quem está ao meu redor. Uma vela acessa é capaz de acender várias outras. Em um mundo escuro, interno e externo vale a tentativa de se iluminar. Qual seu pavio?

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