O amor aparece!

* Por @felizardoreis

Eu poderia começar nossa conversa com um conto bem bonito fazendo uma metáfora sobre o amor, mas não vai ser dessa vez. Claro que eu amo as metáforas, elas me ajudam muito a entender essa “irrealidade” desafiadora que vivemos. Pois, em meio a modernidade e com todas as suas complexidades e urgências que ela nos tem imposto, eu tenho me questionado muito sobre as construções que fazemos sobre os sentimentos. Ao que me parece, tudo está urgente, não sobra tempo, temos que correr, produzir e quando sobra a gente lembra que ainda tem ou que pode amar.

Amar pra que gente?

Acredito que explicar isso é impossível para quem ainda está buscando essa resposta, mas, como você está aqui quero te dizer o que penso disso. Mais um dos meus devaneios.
Nos últimos dias, aqui nas Minas Gerais, as estradas e ruas são surpreendidas por um fenômeno que eu amo: Os Ipês. Sim, vou me atrever de novo a falar das plantinhas.Os Ipês são árvores (isso você nem imaginava) que de tempos em tempos deixam suas folhas cair e são tomadas de lindas flores de cores fortes e vibrantes. Eu poderia dizer que o amor é como o Ipê e terminar o texto, seria lindo, forte e poético, mas não farei isso. Quero falar de algo além da beleza das flores, quero falar da contemplação, o que pra mim se aproxima muito do que é meditação, encontro e sentido para a vida.

Quando estamos diante de um Ipê robusto e bem lindo a gente fica um pouco “abobado” ou extasiado. Parece que tempo para e o pouco tempo que temos, caso a gente se dedique a contemplar, se torna um segundo eterno. Faltam palavras. Tal como para algumas pessoas as montanhas trazem esse sentimento ou o mar. Enfim, a natureza observada e contemplada com consciência faz o tempo parar e faltam palavras.

Naqueles segundos, algo maior que a expressão acontece, a natureza que sabemos ser bela se mostra, manifesta-se, simplesmente estando ali.
Na realidade a natureza sempre está, o que pode não estar consciente é o nosso olhar.

Agora sim vou me atrever a dizer que isso é o amor. A manifestação do belo que se torna visível e sem palavras.
O amor está aí, mas o amor se faz de fato quando em sua beleza pode ser contemplado de dentro pra fora com todas as suas cores.
O amor é algo que aflora a gente e que a gente não precisa dizer muito. O amor é o sentimento que vem de dentro e repercute aquilo de mais bonito que há em nós. Amar é colocar nossas flores mais bonitas pra fora sem exigir nada de quem quer contemplar essa beleza.
Amar é ser o que posso da maneira mais bonita possível sempre sabendo que esse processo gera no outro um sentimento sem palavras que também chamo de amor.
Os Ipês se renovam, encantam e colocam pra fora aquilo que são e tem de mais profundo.
As flores além de enfeitar são a forma da vida continuar nesse universo interligado e eterno.
Portanto, pra amar é preciso saber o que tenho de melhor e ressoar isso, florescer.
Somos os Ipês, o que nos falta é querer tirar de dentro a força da nossa melhor floração.

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